Luiza Abreu Bitencourt Estudante de Letras - UFSC
Quando falamos de memória social as datas são efemérides significativas.
Para tanto, o Dia Internacional da Mulher também deve ser considerado como um dia para refletir essa memória coletiva e nos perguntarmos: quem é essa mulher internacional? Quais critérios são levados em conta na performance do papel de gênero feminino? Qual modelo de humanidade demarca a feminilidade? Mulheres não brancas, mulheres LGBTQIA+, mulheres com deficiência, mulheres indígenas e mulheres pobres são consideradas mulheres? Devemos ter empatia para impulsionar o entendimento da diversidade que é ser mulher. Precisamos questionar as verdades hegemônicas e ir além das barreiras implantadas pelo sistema patriarcal cis-hétero-normativo que ignoram a igualdade, os direitos e a humanidade.
Já que falamos de diversidade, com relação a violência contra mulher, devemos enfatizar que não são apenas mulheres adultas, brancas e cis-héteros que compõem o número de vítimas, nesse meio também estamos falando de meninas, mulheres não brancas, LGBTQIA+ e indígenas. De acordo com os Dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, no primeiro semestre de 2022, o Brasil teve 31.398 denúncias e 169.676 violações envolvendo a violência doméstica contra as mulheres (violência física, sexual, psicológica, moral e patrimonial).
Além da violência física e sexual, há também a violência psicológica, como por exemplo: xingar; humilhar; ameaçar e amedrontar; tirar liberdade de escolha ou ação; controlar o que faz; vigiar e inspecionar o celular e o computador da mulher ou seus e-mails e redes sociais; impedir que trabalhe, estude ou saia de casa; fazer com que acredite que está louca. A violência patrimonial corresponde a todo ato que envolva retirar o dinheiro conquistado pela mulher com seu próprio trabalho, assim como destruir qualquer patrimônio, bem pessoal ou instrumento profissional.
Nesse âmbito, também consta destruir material profissional para impedir que a mulher trabalhe; controlar o dinheiro gasto, obrigando-a a fazer prestação de contas, mesmo quando ela trabalha fora; queimar, rasgar fotos ou documentos pessoais. Também existe a violência moral que é caracterizada por qualquer ato que desonre a mulher diante da sociedade com mentiras ou ofensas, como por exemplo: acusá-la publicamente de ter praticado crime; xingar na frente de familiares e amigos; acusar de algo que não fez; falar coisas que não são verdadeiras sobre ela para os outros.
O Ligue 180 é um canal de atendimento exclusivo para mulheres, em todo o país. Além de receber denúncias de violência, o serviço compartilha informações sobre a rede de atendimento e acolhimento à mulher em situação de violência e orienta sobre direitos e legislação vigente.
O canal Ligue 180 pode ser acionado através de ligação, site da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), aplicativo Direitos Humanos Brasil, Telegram (digitar na busca “Direitoshumanosbrasil”) e WhatsApp (61- 99656-5008).
O atendimento está disponível 24h por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. Se você sofre qualquer tipo de violência ou conhece alguém que sofra, ligue 180, você pode salvar sua vida ou a vida de outra mulher. Através dos tempos e com os registros históricos, descobrimos mulheres que conheceram o céu, outras o inferno; algumas foram santificadas, enaltecidas, enquanto outras foram demonizadas; mas todas elas tocaram as profundezas de seu próprio ser e foram além do limite de sua condição ou ainda de seu tempo.
Mulheres são seres para nos inspirarmos, elas devem ser tratadas com respeito todos os dias e em todos os lugares; o Dia Internacional da Mulher é um convite para olhar com cuidado e com amor para a existência delas e manter um caminho livre, limpo e correto para a Vida de todas.
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